O desfralde noturno pode acontecer até a criança atingir os 5 anos de idade.
Quando a criança passa dos 5 anos e tem perda involuntária de urina, mais de uma vez por mês, por 3 meses consecutivos, este é um alerta a considerar e chama-se enurese.
Frequentemente, recebo no consultório famílias estressadas e cansadas com a rotina que a enurese gera. Lençóis molhados, cheiro forte de urina no colchão, roupas com forte odor de urina. Com isso, muitas crianças desenvolvem questões de autoestima e de relacionamento com as outras crianças.
A enurese pode estar associada a sintomas urinários durante o dia. Muitos responsáveis e cuidadores desconhecem que a enurese pode ser associada a disfunção miccional ou seja, o funcionamento inadequado da bexiga.
Veja alguns exemplos corriqueiros no dia a dia da criança, que caracteriza disfunção miccional:
➡️ Urgência para urinar, que nada mais é que o ato da criança sair correndo quando lembra de urinar.
➡️ Segurar muito o espaço de tempo para urinar (ir menos de 3x no dia ao banheiro).
➡️ Ir muitas vezes ao banheiro (mais de 8x).
➡️ Episódios de infecção urinária ou assadura de repetição.
➡️ Perda de urina (molha a peça íntima ou a roupa toda).
➡️ Perda de fezes (aquela mancha de fezes na peça íntima pode ser escape fecal).
Muitas famílias não tem o conhecimento, mas a enurese tem tratamento.
O tratamento para enurese é realizado em várias frentes e o auxílio de um especialista é fundamental para o sucesso e êxito do processo. Como cada criança é única, o tratamento deve ser individualizado.
Trabalhamos não somente a função fisiológica, mas também a função comportamental, que é a uroterapia.
A uroterapia orienta a criança, a família e os cuidadores de forma personalizada e individual. As orientações estão relacionadas à ingestão de líquidos, alimentação adequada, frequência urinária, etc. Por isso é um tratamento personalizado.
O tratamento de fisioterapia pélvica é muito eficaz para diversas disfunções urinárias na infância e uma delas é a enurese. São utilizados aparelhos que irão aumentar a consciência corporal e reduzir os episódios de escape urinário.
Não podemos deixar de citar a importância do tratamento medicamentoso, se necessário, que dependerá da avaliação clínica da criança.
Por fim, o uso do alarme como forma de tratamento. Em diversos casos, a criança não acorda, ocorre uma frustração familiar e consequentemente deixam o dispositivo. Esse tratamento é recomendável para crianças em tratamento com a equipe multiprofissional, para alcançar o sucesso do tratamento.
A primeira ferramenta para ajudar o próximo é a informação.
Se você conhece alguma família que a criança tenha enurese compartilhe este post.
A enurese tem tratamento e deve ser começado o mais cedo possível.
Dra. Sabrina Aroucha
Nefrologista pediátrica
CRM 20291